tudo é provisóriamente eterno para os poetas... tudo é eternamente provisório para os amantes e o poema apenas a configuração do instante.

-Capinam-

25 de dezembro de 2012

Trancado e febril

Me desvisto de tudo o que me atrasa, me afasta e me ofusca de você. De ti o tudo o que eu puder e o que deixares que eu alcance, sem medo das falácias das línguas mais ou menos respeitadas.
Desisti de todo o resto que me usurpa o desejo de prender-me ao nosso universo que construímos cheios de cores, músicas, danças, rimas, lágrimas, beijos e ausências. Tudo por apenas um instante. Sem roupas, relógios, sapatos e culpas. Entre e se deixe ficar porque o tempo lá fora não é o tempo que é nosso. Pois até o nosso silêncio tem mais poesia do que os livros que temos lido.
Se deixe envolver, gruda na minha carne, saboreia o que conseguires de minha alma. Deita do meu lado, juntos assistiremos Across The Universe e será como se estivéssemos vendo a nós mesmos e ouvindo as canções que também falam das loucuras das quais somos feitos.
Sei que estou febril e um pouco distante da lucidez, mas o amor que tenho em mim me alimenta e me consome diariamente, enquanto tudo o que consigo fazer é atravessar as noites a lhe escrever estas cartas que nunca lhe entregarei.
Abandonei o emprego, me desfiz de todas as obrigações hipócritas às quais nos submetemos no cotidiano para cumprir um papel que não corresponde ao que somos, ao que sentimos, ao que queremos. Já faz tempo só quero ficar aqui, mesmo que trancado, mesmo que febril, mesmo que a olheiras tenham escurecido a cada noite em que roubastes meus sonhos e em todos eles me abandonastes.
A verdade é que tranquei-me para guardar-te dentro de mim e para que ninguém pudesse tirar-te. 
Amontoo cada vez mais todos os poemas, desenhos, inspirações suas em mim dentro da caixa ao lado da máquina de escrever.
As vezes saio do devaneio e respiro um pouco na janela do quarto. Eis o único momento em que penso: do nosso universo terá sobrado algo além de mim e do amor que tenho guardado? 

19 de dezembro de 2012

Qualquer dia desses é Carnaval

Qualquer dia desses seja pela praia ou seja pelas ruas, quem sabe naquele boteco da praça, qualquer lugar da sua vida, saio por entre os outros e te surpreendo com olhar vivo, castanho claro e te dou um boa noite. 
Me verás da mesma forma de antes, no colorido dos meus olhos toda a história já vivida e a poesia pulsante e que já é tudo meu e há pouco do que era o nosso.
Te surpreendo com voz doce e rima amiga, como uma mescla de musica calma e cores abertas e nestes segundos de certeza te beijarei a face com a sutileza de amante antigo e gentil.
Sorrirei com carinho enquanto afago teus cabelos no abraço de saudade e partirei entre os brincantes deixando apenas a estranha sensação do não vivido. Do que não houve. Do que podia ter sido.
Dançando nos perderemos pela multidão pelos caminhos que traçamos sob as marchinhas do carnaval mais esperado. Cada vez mais distantes um do outro.
Guardarei a lembrança do teu cheiro de folia e o tom da sua voz como se não houvesse possibilidade de outro encontro. Porque mesmo o passado é presente e o que vai se perdendo nem sempre se sente. Pois todo carnaval tem seu fim, assim como também tivemos o nosso.
E se outrora triste, hoje sou só alegria, ponha sua máscara que refiz minha maquiagem. Do nosso final nos restaram apenas as cartas de amor e caixinhas guardadas no fundo das gavetas as quais abrimos pouco... todas cheiasdo que poderia ter sido e nunca mais poderá ser.
Qualquer dia desses, pela praia, pelas ruas, tanto faz... pela sua vida eu apareço sob a forma daquela sua música favorita.
Ou quem sabe na próxima esquina, 


29 de setembro de 2012

Fica por aqui


Que essa luz comprida ficou tão bonita em você daqui...
O aroma de chá de camomila com erva cidreira misturado ao cheiro das flores plantadas em vasinhos coloridos pintados à mão por nós mesmos. Almofadas de todas as cores espalhadas pelos cantos do salão iluminado como se  o por-do-sol estivesse dentro, preenchendo, inclusive a nós. Um lugar para ficar sem sandálias, sentindo o chão, se sentindo pertencente ao todo, até mesmo ao brilho das lapadinhas amarelas penduradas como cordões pelo teto.
E música. O toca discos está no canto e pode ficar a vontade para escolher, Clara, Chico, Zé, Bethânia, Elis, Caetano, o que for. O importante é sentir cada palavra, acorde, melodia em você. É tempo de se sentir. E eu posso cantar também, se preferir, as canções que lembram o nosso tempo mais feliz.
No meio tem espaço para dançar, se você quiser, se o corpo mandar. Dançar, girar, deitar, liberar todo esse peso que está sobre nós. O peso da injustiça que presenciamos todos os dias e tanto falávamos na faculdade quando nossos intervalos coincidiam e tínhamos tempo para um café antes da próxima aula.
Acostumei-me a tomar café até depois que fostes embora para o Rio de Janeiro, porque é assim que acontece, a pessoa entra, convive, te preenche e quando vai embora, deixa em nós todos os costumes e manias e vontades e. Ainda tomo o café, forte, preto com gosto de saudade. O gosto que nunca mudou mesmo depois que voltastes para visitar.
A verdade é que as visitas não me bastam mais e preparei este salão com todas as coisas que nos fazem bem e nos fazem mais bonitos, e nos fazem mais felizes. Com nossos livros preferidos ao alcance dos dedos para os momentos em que a poesia saltar da mente. Tá tudo ali, Pessoa, Caio, García Marquez, Galeano, Neruda, Cortazar, os poemas que fiz e os que fizestes pra mim, letras, palavras, sentimentos, nós. Tudo pra você sentir vontade de ficar.
Podemos convidar todos os nossos amigos, aposto que eles vão adorar, porque está tudo tão a cara da gente, como se você nunca tivesse ido embora, e eu não tivesse teimado tanto, e você não tivesse sido tão indecisa, e eu não tivesse me desesperado. Está tudo como sempre, porque por mais que escolhamos não tocar no assunto, sabemos bem que há coisas que são para sempre.
O que eu quero te dizer é que gastei todo o meu tempo arrumando este salão e mais nada eu fazia porque não quero fazer mais nada se for pra continuar olhando para a vida em tons pastéis, somente. Eu quero voltar a olhar os tons vibrantes que me ensinastes a ver nas simplicidades da vida. No café preto, nos intervalos, no jeito de dançar, nos versos, nos acordes despretensiosos que utilizei para compor a canção que fala de nós.
Olha tudo isso, toca, sente. Olha nos meus olhos castanhos e verás que não vai ser preciso dizer eu te amo.

Deixa-me tocar para você a música que eu fiz. Fica para ouvir, por favor.

19 de agosto de 2012

Ao amigo desconexo


Há pouco tempo eu tinha repensado se esse pseudônimo que tens usado a tanto tempo era agora de fato o mais adequado a ti, caro amigo. Logo você que eu tenho visto tão confiante, pisando firme como nenhum outro vejo caminhando.
Justamente por te conhecer um pouco, bem mais do que a maioria das pessoas, acredito que tal pseudônimo não se perdeu no tempo... mesmo sendo antigo como sabemos.

Cheguei em casa e imediatamente sentei à escrivaninha. Papel e caneta para escrever uma coisa tão grandiosa que me dava calafrios de tanta responsabilidade... uma carta para um amigo muito importante. Coisas grandiosas e importantes sempre nos darão calafrios, não importa o tanto que tentemos resistir aos mesmos. Há sentimentos que não obedecem a qualquer tipo de racionalidade.
Os primeiros riscos foram esboçados... nenhum verso seria bom o bastante, eu já sabia. Depois de tantos anos e tantas vivências, experiências, havia acontecido um momento em que deveríamos estar lado a lado e eu não estive... há momentos quem que pedir perdão é a menor das atitudes que podemos ter para a resolução de nossas falhas e problemas.
A verdade, querido amigo, é que parece que já tentamos tudo. As mais diversas fugas! Desde os amores sem nomes e sem amanhãs, os dias e as noites de embriaguês, o esgotamento na luta por um mundo melhor e todos os tipos de nicotina...
Temos nos matado cada vez mais e você muito mais do que eu... percebo que tens vivido cada dia como se fosse o ultimo, como se não fosses viver o amanhã necessitando de cumprir com todos os compromissos ate o ultimo minuto do dia. Refúgio... E  eu, nem isso.
E não sei se por causa das injúrias ou pelo vinho, adormeci na escrivaninha em cima do Amor nos tempos de cólera, do García Marquez ao tentar lhe escrever algumas palavras.
Acordei com a família me exigindo explicações. Tinham os jornais nas mãos e lágrimas nos olhos diante das notícias do ultimo protesto em que protagonizei. Estremeci a valer pela base, pelas pernas e então entendi que não deveria ter acordado tão imediatamente. Quem sabe fosse melhor ter permanecido de olhos fechados o tempo suficiente para pensar as coisas que deveria dizer.
Mas acordei, caro amigo. Devemos todos acordar e encarar os que nos amam nos olhos. E depois de todos os acontecidos os últimos dias e dos últimos sentimentos , levantei-me da escrivaninha e consegui apenas escrever-lhe um bilhete:

“Em vão, tentei escrever palavras de gratidão ao meu amigo desconexo tão diferente e tão parecido a mim em vários aspectos... Sinto mais uma vez. O máximo que consigo dizer é que fazemos parte do processo de loucura e lucidez um do outro.
Independente do ciclo, sempre nos encontraremos.
Obrigado.”

31 de julho de 2012

Para lembrar, sempre.

"Ah! Mainha deixa o ciume chegar
 Deixa o ciume passar e sigamos juntos
 Ah! Neguinha, deixa eu gostar de você
 Pra lá do meu coração...
 Não me diga nunca não..."


Pequena...

Olha só, não sou muito boa com cartas. Na verdade nem sei direito como começar uma... mas eu vou começar dizendo o quanto eu gosto de ti... o quanto te admiro, como te quero bem...
Você foi, sem duvida, uma das pessoas mais lindas que eu conheci na vida. Energia muito linda a tua. E não, não é preciso estar perto pra saber disso. Pra sentir. Dá pra sentir a km de distância.
Você me desculpa? Por toda a confusão que eu fiz (você sabe qual), se em algum momento eu te magoei, me desculpa quando eu disse que não queria te ver. Você não sabe, nem tem ideia de como doeu dizer aquelas coisas, Camila. Doeu muito. Mas cê sabe, fiz aquilo porque quero o teu bem e porque tenho medo. Quero que dê tudo certo pra você, do jeito que tem que ser. Não quero que ninguém fique magoado.
Você me entende né?
Eu gosto da tua simplicidade, da tua voz, das tuas musicas, das tuas piadas sem graça, eu gosto de você. Mesmo que aconteça o que for, mesmo que você siga um caminho bem distante do meu, eu te peço para que não me esqueça. Me leva contigo. Me guarda. Lembra de mim as vezes, se puder... 
Guarde o que for bom de mim.
Olha Camilinha... Obrigada de verdade por ser quem és comigo. Por ser a pessoa tão linda e grande que és. 
Eu espero que um dia a gente possa ouvir musica junto, deitado em almofadas coloridas...
Eu vou estar sempre aqui. Volta...


(Uma carta é um artefato mágico. Essa eu vou guardar, sempre. Agradeço a quem me escreveu, de toda forma. Me desculpa também...)

29 de julho de 2012

Musica para ouvir.

Espalha seu cheiro pelo ar
Sorriso a me embriagar
E já não há... volta
E já não há... nada pra pensar

Menina, sonhos, minha melhor música, flores nos cabelos
Pele, abraço, encanto, meu filme preferido
Cores, tintas, vinis, realejos
Banho de chuva, conversas sem fim
Todo o desconcerto quando olha pra mim
O universo, os aromas, arrepios
Antes de chegar ao seu beijo

Passam os dias e eu já não sei mais
Passam os meses e eu já não sei mais
Passam os tempos e eu já não sei mais
Passam todos e só ficamos nós

E já não há... volta
E já não há... vontade de voltar.

25 de julho de 2012

Aos escritores amigos


Uma das melhores descrições que já li sobre os escritores é de Drummond... como se não estivesse a descrever a si mesmo colocava sobre o escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.
Hoje é dia nacional do escritor, um dia para homenagear amigos que conseguem e conseguiram despertar diferentes sentimentos e transformações em mim ao longo dos tempos. As linhas em que derramam suas lágrimas, sorrisos, medos e esperanças ficam guardadas em nós de diversas formas e são impossíveis de serem arrancadas, nem mesmo pela violência do mundo sem rimas.
Camila em letras e silêncio, Dayana poeta desconexo, Maiara cheia de instintos dissonantes, Carlos um fóssil e Calli e seus devaneios, brincando com as perturbações em sua mente... Vamos transformar o mundo sem rimas e sem cor, pedaço por pedaço, com um verso por rua, uma cor por paralelepípedo, uma lágrima e um sorriso pra cada dia. Se não der pra colorir tudo, que coloramos a nós mesmos por dentro antes de tudo e assim, nunca perder a vontade de sair por aí escrevendo as palavras nas paredes e nas pessoas, até que tudo esteja riscado e misturado.
As pessoas vão se reconhecer nas palavras cada vez mais, enquanto houver quem escreva. Enquanto houver quem escreva vamos poder ser lindos de tão tristes e irradiantes de tão alegres. As pessoas poderão continuar a sentir profundamente e a derramar tudo com lápis e caneta sobre uma folha qualquer e a qualquer momento. Mas principalmente, enquanto houver quem escreva, eu sentirei não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.

25 de junho de 2012

Fotografias de um jardim de três borboletas.

Ouvi dizer que cada borboleta escolhe o jardim em que habita e que de voo em voo se guia pelos sentidos.
Das muitas que a vida me deu a oportunidade de me deliciar com suas cores e formas existem três boas escolhedoras. Assim como dos muitos em que pude brincar, ouvir e descansar existe um jardim muito especial que poucos já tiveram a oportunidade de conhecer.
Sim, as borboletas escolhem seus jardins, acredito.
A menina do cabelo cacheado brinca alegremente pela grama com a Diana que ganhou de alguém que amava muito. Registra tudo da forma mais curiosa que vê. O importante é ser de verdade, pensa... se perguntando porque parece ser a única ver as coisas daquela forma.
Ela é um jardim. Mágico. Cheio de sonhos. Repleto de imagens.
O importante é ser de verdade, sabe. E por isso guarda consigo apenas os mais sinceros amigos, os mais altos desafios, um grande amor, solo fértil para cultivo dos bons sorrisos e três boas escolhedoras.
De sorriso em sorriso, bonito, constrói uma trajetória difícil. É de força e de coragem que atravessa, as vezes acompanhada e as vezes sozinha, os caminhos aventureiros que precisa. O presente na mão, o olhar único, registra. Antes menina, agora grande – no mais amplo sentido. Vasto território, hoje muito maior do que os olhos podem acompanhar. Imensidão.
As vezes, eu, perdido nas banalidades da realidade do mundo sem graça, me distancio da beleza e energia que o meu jardim favorito me traz. Me perco em escala de cinza sem perceber que se deixar levar pela rotina é pedir pra cristalizar a superficialidade de uma forma que se torne quase impossível transpassar.
Mas a saudade é o tipo de sentimento que não dá sossego (e ainda bem) e essa em especial me transporta para as lembranças de sorrisos, carinho, vagalumes. Quando a encontro, o cheiro de relva e orvalho do jardim invade a atmosfera por completo. E mais uma vez, estando, não se quer distanciar jamais.
As borboletas, como boas escolhedoras, buscam os jardins mágicos. As pessoas não. Amam antes de perceber.








São anos de alegrias, choros, obstáculos, apoio. 
Eu te amo, não esqueça.

7 de junho de 2012

Vamos fazer um filme?

"Sem essa de que: 'Estou sozinho'
Somos muito mais que isso
Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:
Quero viver a minha vida em paz
Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia."

19 de maio de 2012

da covardia de não amar.


- Ei, eu quero que você olhe para mim... Olha, eu sei o quanto você se esforça para se manter distante de todas as pessoas no planeta... mas isso não está funcionando mais para você.
- Está funcionando bem.
- Não, não está. Não está por causa disso (minha mão no seu coração e a sua mão no meu). Ok? Você sente isso? A maioria das pessoas não tem isso. É raro.
- E daí?
- É isso aí. E daí?  E daí, se não for sair disso? E daí, se você nunca se deixar sentir. Você está tão convencida de que ter um relacionamento vai te matar.
- Porque vai.
- E é por isso que eu estou com outra pessoa. Dá certo porque eu e ela estamos passando um tempo bom enquanto esperamos aparecer o que é pra valer. E sabe o que é pior? É que você e eu sabemos o que é pra valer. O que sentimos quando nossos olhos se encontram é pra valer.

Silêncio. Indecisão. Respiração. Despedida.

7 de abril de 2012

Recife

É o caminho de volta...
Este é o caminho de volta... o caminho que eu não queria trilhar hoje.
Deixo o amor em Recife, cidade que me chama, que me quer, me clama, me ama. E na verdade levo o amor comigo, em mim. O amor é mesmo assim.
Quando cheguei parecia tudo diferente da primeira vez. Eram os sorrisos e abraços amigos muito melhor de serem sentidos, tinha amor, tinha carinho, tinha ela.
Não foi preciso muito tempo para perceber que não importa o caminho percorrido se é com ela que o meu olhar se encontra, se é no seu abraço que eu me perco e encontro.
O abraço de Recife é demorado, é do tamanho certo para mim. O abraço dela foi feito para o meu. Ela nesta cidade linda na qual eu me sinto como deveria.
Dias impossíveis de esquecer, dias de guardar dentro do que é bom. Dias e noites de sentir.

E se a muito eu ousava a chamar-te pelo nome, hoje já não me atrevo. És amor. Nosso.
Somos.
Eu te amo. Eu te quero bem. Eu te quero comigo. Te quero livre também.

Recife fica e é levada junto de mim. É onde eu devo estar, se não hoje, amanhã com certeza.
É com você que eu preciso estar.

3 de março de 2012

Ao meu Partido.

Já houve um tempo em que qualquer possibilidade de uma participação minha em um partido ou atividade deste era uma idéia que me causava repulsa. Vangloriava-me de não me interessar por política partidária inclusive dispensando sobre ela todos os males desta sociedade. Mas não era por menos, filha de pais petistas assisti o desgosto de minha mãe com a degeneração do partido que para ela, e para muitos mais trabalhadores, era esperança e alternativa de emancipação do povo pobre e explorado deste país. Um partido que os traiu covardemente se entregando aos interesses da burguesia.

Apesar dos pesares não houve como refutar-me da vida política alimentada em casa e posteriormente na universidade. Justamente na universidade que tive a oportunidade de entender mais claramente como se davam as divergências de grupos e partidos políticos entre a juventude organizada, e principalmente perceber suas práticas.

A partir dos encontros estudantis de área (por curso) de Serviço Social e das movimentações por dentro da Universidade Federal do Maranhão, pude identificar que haviam os que lutavam, os que não se importavam e os que se omitiam covardemente de se enfrentar com a reitoria em seu despotismo e com os governos de uma forma geral.

Foi a partir das experiências cotidianas que identifiquei a atuação sincera e coerente da ANEL, Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre, paralela à atuação da UNE parasita que hoje vomita em cima de sua própria história. Foi atuando em um movimento estudantil que defende a aliança operário-estudantil; uma educação pública gratuita, de qualidade, socialmente referenciada; que combate toda forma de opressão machista, racista, homofóbica; que pude entender verdadeiramente a necessidade da construção de uma nova sociedade, um novo modelo de sociabilidade em que seriam possíveis os nossos sonhos.

No movimento, na luta e principalmente vendo quais eram as organizações partidárias que sempre estavam nas ruas, nas intervenções junto aos trabalhadores, que fui desmistificando o que eu pensava ser um partido político da classe. Conheci o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, o PSTU socialista e revolucionário, o qual eu não sabia ainda mas, teria orgulho em reivindicar tempos mais tarde.

A verdade é que eu não precisava de anos estudando Serviço Social para compreender que o sistema capitalista não serve a nenhum dos homens e mulheres que verdadeiramente constroem e produzem a vida e as riquezas diariamente nesta sociedade. O sistema que servia e serve até hoje apenas aos que nos dominam para que continuem a nos dominar precisava ser destruído e só quem o poderia fazê-lo era quem mais sofria com ele – as trabalhadoras e os trabalhadores.

Não demorou muito para compreender que conspirar contra o capitalismo precisava ser uma tarefa científica e que era preciso um instrumento consciente na construção dessa nova sociedade, um partido de organização da classe que seria capaz de ser elemento catalisador rumo á revolução socialista. Um partido que tenha um programa real para a emancipação da classe trabalhadora que eu entendo que daqui a alguns anos pode ser outro nome, outra sigla, mas que hoje é o PSTU.

Não demorou pra eu entender que na luta de classes, na luta por uma outra sociedade, é preciso tomar partido.

Um partido que luta ombro a ombro com a classe trabalhadora, que defende um programa rumo à transformação radical desta sociedade, que entende que a juventude e os trabalhadores são os protagonistas dessa transformação, que não acredita que a libertação da classe se dará por vias eleitorais, que não abdica de seus princípios, um partido para a juventude indignada, um partido de mulheres e homens, negras, homossexuais, oprimidos e explorados.

Um partido que não é perfeito e não está pronto, mas que construímos cotidianamente nas lutas. Um partido que tenho orgulho de construir junto a camaradas valorosos.


O meu partido, o PSTU.


“Porque na luta entre desiguais, a indiferença é aliada do mais forte.”


7 de janeiro de 2012

Carta não postada, de amor.

Hoje já não nos perguntamos mais se vale ou não a pena. O que sentimos e vivemos até hoje já são mais que provas de que valeu e vale.

Sei que meu coração aperta de saudade... as vezes aperta de um tanto que parece que é só saudade, mais saudade do que amor. Mas isso não me ilude... ainda não há entre nós sentimento maior do que esse que sentimos... que as pessoas resolveram chamar de amor.

A verdade é que já não sei imaginar minhas noite sem tua voz, teu sorriso, tua alma que se identifica com a minha. Doeria.

Meu amor, que não se compara a qualquer outro antes, é você quem me faz sentir como se eu pudesse agarrar o mundo, suportar tudo, largar qualquer coisa no mesmo segundo, só pra poder te fazer bem e te sentir perto.

Lembra da musica que eu cantava pra você? Lembra disso? Lembro que dizia “nunca diga não pra mim [...] seja sempre assim, por favor me dê... um sinal, um cartão postal, uma aval dizendo assim: não não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim. Entre o não e o sim, só me deixe quando o lado bom for menor do que o ruim”.

Engraçado... a gente até canta... faz de tudo pelo riso do outro, mesmo que corra o risco de parecer o bobo da corte nesse reino das nossas vidas.

Sabe, as vezes eu me pergunto porque você me ama. Não acho resposta. Apenas consigo ser feliz por te ter comigo, por sabe que existe uma coisa entre nós que não é avenca, mas quase um baobá... dessas árvores que você não imagina a imensidão em que se transforma até que se transforma e se assusta quando vê.

As pessoas adoram abraçar os baobás, sabia?

Eu adoro te abraçar.

Amor, me espera... me espera por que eu vou... porque não há mais ninguém que eu queria para partilhar comigo carinho, companheirismo, paixão e luta em um mesmo relacionamento. Porque você já faz parte de mim. Porque por maior que seja o desespero, nenhuma ausência é maior do que a tua. Nenhuma outra paz maior que a tua voz, nenhum outro coração bate mais que o meu ao te ouvir dizer que me ama.

Não há saudade maior do que o bem que você me faz.

Amor, me guarda... me busca todos os dias? Porque não há um dia sequer em que eu não pense e não te queira comigo. E não há ninguém mais fascinante e que eu queira e precise conhecer cada vez mais.

Por favor não ria da minha pieguice... eu já não me importo com o quanto possa parecer ridículo dizer a alguém coisas que a alma grita todas as vezes em esse alguém é o motivo para o sorriso bobo na manhã seguinte a um telefonema .

De mim pra ti, de ti pra mim, todo o choro, os versos, as cores, os prazeres, os abraços, os carinhos, os silêncios, as saudades, as emoções, as cartas, os sacrifícios, as viagens, os medos, as certezas, a voz, a ausência e a presença, o acordar, o enfrentamento, a luta pelo direito de amar, os sonhos, a distância, mas principalmente a vontade de estar perto.

Já são alguns meses em que a gente acreditou que se permitir viver algo que a muitas pessoas nunca sentiu na vida, seria o mais absurdo a se fazer... o mais sensato e corajoso também.

Eu te admiro e tenho orgulho de você, porque agüentar meus dramas, meu ciúme bobo, minha chatice, meus momentos de seriedade, minha pieguice, não é pra qualquer um, é pra uma pessoa lutadora (risos).

Não tem como não amar. Não tem mais jeito. A gente se mudou uma para a outra, com malas e travesseiros... se acomodou e percebeu que nunca houve um lugar tão bom para estar. Um lugar vivo, pulsante, dançante mesmo que com pouco sossego.

2 de janeiro de 2012

Por que ser vegetariano?

Não é incomum encontrarmos pessoas que se surpreendem com a opção de alguém em não comer carne. Vem, então, à tona duas perguntas principais: PORQUE? E... O que você come?!

Existe, também, muito vegetariano paciente nesse mundo e que não tem problema algum em explicar direitinho para “os espantados” os motivos de sua subversão ao hábito alimentar secular (que parece até um dogma) de consumir carne.

Sempre acaba em debate, longo. Devido a isso, abaixo estarão explicitados alguns motivos pelos quais muitas pessoas são vegetarianas. (Por que eu não faço parte do grupo da paciência).

A propósito, este texto não foi escrito com o intuito de convencer ninguém. Nem me referirei a dor dos animais ou coisas assim. Tornar-se vegetariano é uma escolha pessoal. Aos curiosos, talvez sejam argumentos interessantes.

SAÚDE

Evitar carne é um dos melhores e mais simples caminhos para cortar a ingestão de gorduras. A criação moderna de animais provoca artificialmente a engorda para obter mais lucros. Ingerir gordura animal aumenta suas chances de ter um ataque cardíaco ou desenvolver câncer.

Vivemos no capitalismo em que a produção é cada vez mais rápida a fim de garantir maior lucro. Alguns produtores usam calmantes para manter os animais calmos. Usam antibióticos para evitar ou combater infecções. Se você come carne, está consumindo hormônios que foram administrados aos animais (para que cresçam mais e cada vez mais rápido. Se você come carne, não está ileso dessas substâncias.

MEIO AMBIENTE

As reservas de água fresca do mundo são contaminadas pela criação de gado de corte. E os produtores de carne são os maiores poluidores das águas. Por exemplo: se a indústria de carne no EUA não fosse subsidiada em seu enorme consumo de água pelo governo, algumas gramas de hambúrguer custariam US$ 35.

Metade das florestas tropicais do mundo foram destruídas para fazer pasto para criar gado. Cerca de 1000 espécies são extintas por ano devido à destruição das florestas tropicais.

É necessário 17x menos água para produzir 1 kg de grãos do que para produzir 1kg de carne. Menos desperdício!

COMBATER A FOME

A criação de animais para serem utilizados como alimento, é um luxo, um autêntico esbanjamento em termos econômicos. Se as grandes quantidades de cereais e leguminosas que se usam como rações, bem como de terreno e água, que se usam para engordar os animais para o comércio, fossem utilizados para consumo humano, poder-se-ia acabar facilmente com a fome no mundo.

A produção de carne requer investir grandes quantidades de grão, só para poder alimentar o gado. Se se plantarem 100 metros quadrados de soja, obter-se-ão uns 5 quilos de proteína, com os que se poderiam cobrir as necessidades proteicas de 70 pessoas durante um dia. Mas se esses 5 quilos de proteínas forem empregues para alimentar o gado, obter--se-á unicamente meio quilo de carne bovina, com o que se poderá cobrir escassamente as necessidades proteicas diárias de apenas 2 pessoas.

Os países pobres da terra vêem-se obrigados a vender aos ricos, para estes alimentarem o gado, o grão e a soja de que, na realidade, necessitam para dar de comer aos seus próprios habitantes.

SÓ PRA ESCLARECER

Existem 3 tipos de vegetariano: ovo-lacto-vegetariano, lacto-vegetariano, e vegans. Cada um deles com suas especificidades.

A carne não contém absolutamente nada de proteínas, vitaminas ou minerais que o corpo humano não possa obter perfeitamente de uma dieta vegetariana.

O que um vegetariano come?! Tudo, menos animais.

PORQUE SER VEGETARIANO NÃO É ABSURDO?

Porque somos seres humanos racionais e podemos escolher o que comer a partir da reflexão sobre os hábitos alimentares de nossa sociedade, ocidental (diga-se de passagem).

Por você, pelos animais, pelo planeta, pelas outras pessoas.

Colorido e bonito, não é?