tudo é provisóriamente eterno para os poetas... tudo é eternamente provisório para os amantes e o poema apenas a configuração do instante.

-Capinam-

26 de setembro de 2011

(in)Visibilidade lésbica

Dia 29 de agosto é (des)conhecido como o Dia da Visibilidade Lésbica. A data recorda o ano de 1996 em que realizou-se o 1° Seminário Nacional de Lésbicas – SENALE no Brasil.

Se por um lado é dia de celebração, por outro é principalmente de discussão e reflexão sobre os estigmas, preconceitos, lesbofobia e sobre a opressão em geral a qual são submetidas as mulheres que amam outras mulheres.

O dia nacional da visibilidade lésbica no Brasil representa resistência ao machismo, ao patriarcado e sua expressão mais nociva – a heteronormatividade. A Visibilidade Lésbica é uma forma de dizer não à censura e ao cerceamento sobre os desejos e afetos dessas mulheres.

Rompendo com a heterossexualidade obrigatória na família, no trabalho, na sociedade, na militância, nos espaços de lazer, lésbicas subvertem o que é ser mulher na sociedade capitalista. Por encontrar dificuldades de colocar suas pautas dentro do próprio movimento LGBT, por estarem submetidas à ideologia machista e lesbofóbica é que as mulheres lésbicas são duplamente invisibilizadas.

O Estado cumpre um importante papel na maior invisibilização das lésbicas. Principalmente no governo atual, no qual ter uma mulher na presidência da república significa que mais do que nunca não se pode admitir que ocorram tanta violência física, psicologia, e tantos estupros corretivos ás brasileiras de orientação sexual homossexual.

É muito clara a forma como o estado e sistema capitalista se apropria da subjugação das mulheres lésbicas na sociedade. Quem mais sofre são as lésbicas trabalhadoras que além da opressão sofrem a exploração do seu trabalho não podendo viver plenamente sua sexualidade sob a pena de perder o emprego.

A disseminação dos preconceitos e discriminações entre a classe trabalhadora é importante ferramenta da burguesia na manutenção de seu poder, pois divide a classe solidificando a exploração. Desvia-se o foco de que o verdadeiro inimigo é a burguesia e passam-se a ser inimigos os trabalhadores entre si a partir das diferenças.

É preciso que as mulheres lésbicas coloquem suas pautas junto as de todos os trabalhadores no sentido de perceber que a destruição da opressão só se dará em um novo modelo de sociabilidade, com a destruição do capitalismo e na construção da sociedade socialista.

Uma verdadeira visibilidade só se dará em uma sociedade em que a opressão não seja alicerce para o sistema vigente. Enquanto houver capitalismo haverá a subjugação das grandes minorias como forma de enfraquecimento da classe trabalhadora e maior exploração da força de trabalho.
Mas é certo que não há solução individual e que a única saída é a luta organizada com a unificação das bandeiras de todos os oprimidos e explorados na construção de uma nova sociedade.

Camila Castro

publicado aqui: http://pstumaranhao.blogspot.com/

2 de setembro de 2011

Renise, luz.

"Aos vagalumes,
serei eternamente grata.
À minha luz,
sentirei eternas saudades.
E a dor e tristeza ainda existem... mas guardo só pra mim.
Sorriso de exorcismo.

Para quem eu mais amei na vida, Renise Sandra de Castro Souza, a minha mãe. Alguém em quem sei que vou pensar todos os dias que me restarem."

Depois de 1 ano eu voltei ler o texto que fiz mergulhada em tristeza por causa da partida da minha mãe. Quando partiu para não mais voltar.
Eu o evitava. Hoje eu o re-li e não parece que se passou um ano inteiro. O 2 de setembro de 2010 está tão vivo quanto antes. Em mim, na minha casa, nas coisas, lugares da cidade, no quarto dela que não mudou muito, nas minhas lembranças, nas lágrimas de saudade.
A gente segue... Com uma lágrima ou um sorriso, mesmo que de exorcismo, a gente segue. E se souber seguir chegará o dia em que as saudades não serão tão insuportáveis como outrora. Um dia em que as lembranças serão saudáveis.
Eu sinto muita saudade. Eu sinto muito amor. Muito mais do que sinto tristeza.

Hoje eu finalmente percebi que a minha mãe não está morta.

Dona Renise está viva

dentro de mim
sempre comigo.